Em 2013, dê uma chance ao seu professor!




    Outro dia, um amigo me disse que havia conseguido fazer seus alunos gostarem de sua disciplina (História) , sem, necessariamente, gostarem dele, o professor, algo que ele considera muito bom. De fato é muito bom quando vejo meus alunos interessados em fazer Geografia ou estudar Sociologia, contudo, a sala de aula é lugar de se estabelecer relações, e o dia a dia pode torná-las bem desgastantes.


Cena do filme Entre os Muros da escola, filme francês.
Lembro-me bem que quando cheguei como professora substituta de Geografia no 406, tive muitas dificuldades em ser aceita por algumas turmas. Pois bem, tivemos um ano de 2009 muito desgastante, digo tivemos, porque a relação desgastante não é só para o professor, mas também para os alunos, mas aqui cabe um parenteses, pois a proporção do desgaste emocional das relações entre professores e alunos são bem diferentes. 

Isso se comprovou quando uma aluna me disse, (quando foi para EJA, após ser reprovada no ensino regular), que não se lembrava que um dia quase me agrediu, pelo contrário, ela me disse, "eu, imagina se faria isso professora", achei interessante, pois para ela o fato passou tão despercebido, que sequer ficou na memória, o que para nós professores não é bem assim.  


Cena do filme Mentes Perigosas (EUA)
Voltando as turmas difíceis de 2009, em 2010 teria que reencontrar alguns desses alunos no Ensino Médio, em nova disciplina, Sociologia. E eis que quando adentrei a sala de aula do 1º A, ouvi um coro de "ahhhhhhhh". Putz, pensei, "tudo de novo, não vou suportar". Mas, respirei fundo e disse pra turma: "Gente, é outro ano, outra matéria, vamos começar do zero"? E não é que aos poucos eles toparam!

Se passaram os 3 anos do Ensino Médio, com altos e baixos, e no último encontro de Sociologia, uma de minhas melhores alunas me chama lá fora e diz:

- Professora, eu preciso falar com você. 

Gelei, pensei: pronto, o que foi dessa vez?!

E ela continuou:

- Olha professora, agora que tudo acabou preciso lhe dizer uma coisa. Nossa, fiquei muito feliz com suas aulas, como a senhora evoluiu, como foi diferente da 8ª série. No começo achei que seria igual, mas depois...a senhora é uma ótima professora. 

Cena do filme A língua das Mariposas, filme espanhol.
Embarguei a voz, e o que mais podia fazer além de abracá-la. Agradeci e lhe disse que eu também pensei que seria igual, mas percebi que eles me deram uma chance e dei uma chance pra eles também, e mostramos na prática que as coisas podem ser diferentes se as partes envolvidas realmente quiserem, não tem fórmula mágica.

Posso dizer aos leitores, nesta última crônica de 2012, que tive um bom ano letivo, na exaustiva jornada em minhas duas escolas, aliás, escrevi esta crônica há uns 15 dias, sentada no trem, no percurso de uma escola para a outra.