Mulheres Periféricas: "Tereza não, Terezinha!"


Faz 4 anos que minha avó nos deixou. Não gostava de ser chamada de Tereza, dizia que Tereza era o nome da corda que os presos faziam, e já que seu nome de batismo era Terezinha, era pra chamarem Terezinha!

Tinha um grande sonho: comprar seu terreno e construir sua casa! E trabalhou dia e noite por anos e anos, na faxina de casas, apartamentos e escritórios, muitas vezes sem registro em carteira, e sem férias remuneradas.

Realizou seu sonho e trouxe todos nós para ele, e como isso fez diferença em nossas vidas, sair do aluguel é tudo na vida da mulher trabalhadora!

Gostava de ler, fazer palavras cruzadas, jogar baralho (era expert!), jogava vídeo game! Era viciada no Pac Man! Alguém mais tem ou teve uma vó que joga vídeo game? Hahahaha! E adorava a novela mexicana Maria do Bairro.

Com ela aprendi a ouvir Martinho da Vila, Clara Nunes, Trio Nordestino, Roberta Miranda, Roberto Carlos e outros! Cantarolava e adorava dançar forró!

Nos deu abrigo quando mais precisamos! E convivemos com sua personalidade forte, opiniões firmes, nem sempre tudo eram flores, mas a vida tem dessas coisas! Cada um tem um jeito de amar.

Eu propus que cantassemos em sua despedida, pois nossas festas eram alegres e só chorar não resolvia naquele momento! "Nossa família é muito unida, e também muito agitada, brigam por qualquer razão, mas acabam pedindo perdão", e já imagino o que ela diria: é bem coisa de Janaína!

Sem dúvida ela ia ficar muito feliz em ver que suas filhas estão mais unidas!

Dona Terezinha, sentimos muitas saudaaaaadesssss!!!!!
— com Genilza Maria Gama Silva e outras 2 pessoas.