Adolescentes mostram o quanto são perigosos: ocupações nas escolas! Junho não acabou!!

Há duas semanas o governo anunciou oficialmente o que já vinha sendo denunciado pelos professores e sindicato, o fechamento de 94 escolas, fato que ocasionará uma maior precarização na educação estadual: maior número de estudantes por turma;  alunos matriculados em escolas longe de casa; fechamento de salas noturnas. Além disso, a rede já conta com um déficit no seu quadro docente, que realizou a mais longa greve de sua história este ano, com a duração de 3 meses, que foi tratada como fato isolado por Geraldo Alckmin.

Semana passada em uma conversa com minha prima,  preocupada com a situação das escolas que serão fechadas, me questionava os motivos que fizeram as mobilizações contra o fechamento das escolas terem esfriado, eu comento sobre o desgaste da categoria em decorrência da longa greve e a truculenta política do PSDB. Nem bem encerramos o diálogo somos surpreendidas com a notícia da ocupação da E.E Diadema, em Diadema no ABC Paulista. Mais surpreendente ainda é ter a informação de que o movimento partiu dos estudantes, é autônomo e horizontal.

A mídia como sempre não deu muita importância para o caso, que foi novamente tratado como fato isolado e, a PM, braço direito do governador, logo foi acionada. Os  estudantes responderam com outra ocupação, na E.E Fernão Dias, agora no bairro nobre de Pinheiros. E assim, uma sequência de escolas foram sendo ocupadas, pra desespero do governo autoritário do PSDB.

Sem grande cobertura da imprensa televisiva, os estudantes fazem sua própria mídia, a exemplo do que ocorreu em Junho de 2013: páginas são criadas, imagens e vídeos são compartilhados com a velocidade da luz. Organizaram comissões, fazem assembleias e tudo é decidido de forma democrática dentro das ocupações. Os pais acompanham tudo de perto, e apóiam o movimento. Além dos professores e da vizinhança que está abastecendo com alimentação e água. Além disso, em algumas escolas ocupadas, os estudantes organizaram almoço comunitário e eventos culturais, como divulgados nas páginas Não Feche Minha Escola, O Mal Educado e outras.

No sábado, 14, o juíz revogou o pedido de reintegração de posse, e mais ocupações surgem por todo o estado, porém,  a PM aproveita do fim de semana pra fazer prisões e reintegrações arbitrárias, denunciadas amplamente pelas redes sociais e portais da esquerda.

Ironicamente, Alckimin, que foi o precursor da lei que propõe a redução da maioridade penal, agora se vê diante dos "perigosos adolescentes" que escancaram a insatisfação da população com o desmonte da educação pública em São Paulo perpetrada pelo governo pelo PSDB, há mais de 20 anos no poder.

Ao contrário das falas pessimistas sobre essa geração, meninos e meninas, entre 11 e 17 anos de idade estão aprendendo na prática a lutar por seus direitos: educação universal e de qualidade.

Nas palavras de uma estudante de 15 anos: a grande reivindicação é que a comunidade escolar seja consultada e possa decidir sobre toda e qualquer mudança que lhes digam respeito (Assista o vídeo no canal da  TVT no Youtube)


Apoio incondicional aos estudantes que nos dão uma aula de organização e resistência, que souberam canalizar sua rebeldia pra uma reivindicação coletiva, e que sim, são muito perigosos, pois como diz Malala: "Uma criança, uma professora e uma caneta podem mudar o mundo".